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Página anteriorA Experiência Mahalo
O Mahalo é um desses restaurantes cuja atmosfera proporcionada pela música, decoração, serviço, pratos e vinhos, surpreende mesmo o mais exigente gourmet. Da recepção, no adentrar ao restaurante, até o desejo de um breve retorno à saída, tudo transcorre meio que de forma mágica, em um cenário onde se vive ao mesmo tempo a experiência do palco e da platéia na cena gastronômica. Não por acaso o termo Mahalo, de origem havaiana, significa, numa tradução pra lá de literária (intuitiva), acolhimento, no mais amplo sentido da palavra.
Mas não há nau segura em mar aberto sem um bom timoneiro no comando. E, nesse caso, estamos falando da Chef Ariani Malouf, cuja cozinha, criativa e autoral, transmite com seus surpreendentes pratos e aparições interativas de salão, todo acolhimento implícito na palavra que dá nome a casa.
Ícone da gastronomia cuiabana, e único restaurante da cidade a fazer parte do seleto grupo de casas da Associação da Boa Lembrança, o Mahalo ganhou notoriedade nacional com premiações importantes em publicações do gênero como o Guia 4 Rodas, "Melhor Restaurante do Centro Oeste" e Editora Abril, integrando a seleta lista dos "28 restaurantes mais bem avaliados do Brasil".
A convite da Chef Ariani, vivenciei, no dia 1º de maio passado, uma experiência sine qua non para a minha verve literária gourmet. Iniciei com couvert da casa seguido da entrada: profiteroles de bacalhau, cremezinho de cenoura e exibido de berinjelas com molho pesto, acompanhado de torradas com azeite aromatizado, manteiga e coalhada com sumac. Impossível pensar em outro vinho para este prato que não fosse um Champagne ou um espumante Brut da Carta.
O prato principal não poderia deixar de ser da Boa Lambrança: Pintado grelhado com tortelli de banana da terra, recheado de queijo de cabra, espinafre e castanha do Brasil, regado com manteiga de ervas. Prato que apreciei com um Malbec e que agradou pela riqueza de sabores e textura, porém que cairia mais sinergicamente com um bom Pinot Noir chileno, ou mesmo com um Chardonnay criado em barrica.
A sobremesa: Bolinho úmido de doce de leite com sorvete de queijo e limão cuiabano formava um par perfeito com o Sauternes da carta: Schoder & Schiler, numa harmonização ao mesmo tempo por semelhança e contraste, tendo em vista a comunhão de sabores, doces, "lácticos" e ácidos de ambos.
E finalizo o relato desta experiência com a sincera recomendação de que, indo a Cuiabá, não deixe de vivenciar a experiência Mahalo, um lugar onde a comensalidade o fará se sentir acolhido muito além do sentido literário do próprio termo.