Dizem que a França é um país caro. Na verdade, lá nada pode ser barato, já que essa palavra simplesmente não existe em francês. Um produto pode ser “moinschèr” (menos caro) ou, na melhor das hipóteses, “bonmarché” (um bom negócio). 
 
Bon Marché é uma expressão bem francesa. É, também, uma palavra-chave na história do comércio mundial.
 
Diferente de hoje, no século XIX, fazer compras era complicado: as lojas tinham estoques restritos e preços variáveis. Na época, Aristide Boucicaut trabalhava em uma pequena boutique parisiense, e Paul Videautinha em uma lojinha quase falida na esquina da Rue de Bac com a Rue de Sevres. Quando se conheceram, esse endereço ficou famoso. Nascia, assim, Bon Marché, a primeira loja de departamentos do mundo.
 
Bon Marché mudou as regras do mercado. Além de oferecer uma impressionante gama de produtos, difundiu outros conceitos criados por Boucicaut e que são adotados até hoje, como entregas gratuitas, catálogos de produtos, troca e reembolso de itens e (pasmem!) coleções para cada temporada.
 
Rapidamente, o lucro aumentou, Boucicaut comprou a parte do sócio e expandiu a área da loja. No projeto do novo espaço, outra inovação: foi o primeiro prédio francês a usar a arquitetura metálica popularizada por Gustave Eiffel (antes dele projetar a famosa Torre).
 
Atualmente, a loja é muito frequentada por parisienses, mas não atrai muitos turistas. É que os visitantes “caem de boca”(literalmente) na sua épicerie que, de tanto crescer, acabou ganhando um prédio próprio (de 3.000m2), do outro lado da rua. A Grand Épicerie de Paris é uma das mecas gastronômicas da capital francesa, dispondo de mais de 30 mil produtos gourmets, selecionados a dedo. 
 
As mercadorias dividem-se em quatro departamentos: supermercado, com artigos do mundo inteiro; produtos frescos (frutas, verduras, peixes, carnes e queijos) vendidos diretamente do produtor; bebidas alcoólicas; e a cozinha, ofertando pães, saladas, sopas, pratos gourmets e sobremesas produzidos no local.
 
Talvez essa aparente ser uma loja bem cara. Considerando a qualidade dos produtos, eu diria que não. Mas também não é barato. Seguindo a tradição francesa refletida no seu nome, é definitivamente bonmarché.
 

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