Setor de bares e restaurantes projeta um 2022 menos complicado

Publicado por Redação em 28 de março de 2022

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Bares e restaurantes acreditam no crescimento do setor em 2022 (Foto: Rogério Vital / Deguste)

Texto: Ramon Ribeiro

A nova onda de contaminações de covid-19 e o surto de influenza geram apreensão entre os empresários de bares e restaurantes no Rio Grande do Norte. Mas os altos índices de vacinação mantêm o otimismo do setor. Desse modo, o segmento projeta um 2022 com desafios complicados, porém nada comparado aos dois anos anteriores.

Para o empresário Heitor Almeida, um dos sócios por trás dos estabelecimentos Curió, Severina, Seu Pepeto e Redação Bar, o pior já passou. “Acreditamos que, apesar da variante nova e da nova gripe, a vacinação está de fato funcionando e mostrando seu efeito no número de internações e casos graves”, diz, ressaltando a importância de seguir as orientações sanitárias. “Tivemos a experiência de vários decretos, reforçamos os protocolos com todos os nossos colaboradores, tudo para receber nossos clientes com segurança”.

Cláudio Amaral, do Santa Maria, está com muita cautela devido ao aumento no número de casos de covid (Foto: Rogério Vital / Deguste)

O empresário Cláudio Amaral, um dos sócios do Restaurante Santa Maria, aponta cautela devido ao início do ano com aumento no número de casos de covid. O que não deve acontecer de jeito nenhum, para ele, é um novo fechamento obrigatório dos estabelecimentos. “A economia ainda não teve uma melhora, não deu para recuperar. Então um novo fechamento vai matar os restaurantes. E a morte de um CNPJ é a morte de vários CPFs”, argumenta.

O chef Gabriel Camilo, proprietário ao lado da chef Cacau Wanderley do restaurante A Cozinharia, é outro que manifesta cautela. “Ano passado foi um período de sobreviver. Este será de fortalecer, desde a estrutura, cardápio, serviço, imagem. Para no ano que vem, aí sim, traçar novas estratégias e caminhar com passos mais largos”, explica. “As pessoas estão saindo mais, a cidade tem recebido turistas. O importante é fazer um básico bem feito. Não dá para ser imprudente”.

 

Em se tratando de fortalecer, n’A Cozinharia o ano de 2022 promete uma boa novidade: a concretização da cozinha-escola, um projeto antigo. “Eu e Cacau fomos professores universitários durante sete anos, porém nunca mais tínhamos voltado para a sala de aula porque o trabalho no restaurante não deixava. Agora, estamos trazendo a sala de aula para A Cozinharia”, adianta o chef. “A ideia é fazer as pessoas se divertirem e trocarem conhecimento com uma grande comensalidade. As turmas serão de 10 a 20 pessoas no máximo, com cursos sobre como receber amigos em casa, montar uma mesa, fazer drinques e harmonizar vinho, por exemplo”.

Em São Miguel do Gostoso, a proprietária e sommelière Fabiana Dall Onder, do restaurante Gênesis, vê 2022 com otimismo. “Sou positiva. A praia está movimentada, há muita gente trabalhando. Pode ser que tenha alguns cancelamentos de voos, mas vamos ter que conviver com essas situações”, diz Fabiana, que também prepara novidades. “Ano passado, reformei o restaurante já com a ideia de dar mais estrutura e conforto para os clientes. Em março, lançarei pratos e drinks novos, aumentar a carta de cerveja”.

Para o presidente da Abrasel-RN, Paolo Passariello (chef e proprietário do restaurante Gennarí), o grande desafio do segmento vai ser resolver a questão do endividamento. “Nossa última pesquisa mostrou que 60% das empresas têm dívidas em atraso, ou seja, não estão conseguindo honrar com suas obrigações. Isso reflete em atraso de salários, em novas dívidas. Esse é o problema que o setor vai enfrentar em 2022”, diz. Todavia, ele acredita que com o aumento da recomposição dos empregos no país, a situação melhore.

Paolo Passariello, presidente da Abrasel do RN, destaca a importância do evento (Foto: Rogério Vital / Deguste)

Nesse sentido, a expectativa maior é com a segunda metade do ano. “Algumas projeções apontam crescimento entre 0,5% e 1% da economia brasileira. No entanto, o crescimento do setor acreditamos que vai ser de 4%, isso no segundo semestre. São dados que animam as empresas, faz com que a gente veja um futuro menos problemático”, comenta, projetando também grandes desafios com relação ao delivery. “Empresas focaram muito nesse serviço, por isso a concorrência no segmento vai ser muito acirrada. Ao mesmo tempo, a gente vê a concentração nos aplicativos, o que pode ser um problema”.