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Página anteriorSorvete de Pêlo nasce da criatividade do sertanejo
Você sabe o que é figo-da-índia, fruta pêlo ou gogóia? Esses nomes podem parecer estranho para muitas pessoas, mas para quem vive no Sertão e outras regiões do semiárido, a identificação desse produto é fácil. Em Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, a fruta pêlo ganhou destaque ao longo de sua história e, hoje, é motivo de orgulho para a cidade. Isso porque uma filha da terra tem explorado o fruto e criado produtos como o sorvete de pêlo.
A novidade já é destaque até mesmo fora do Rio Grande do Norte e ganhou, inclusive, incentivo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Kaline Cristine de Castro recebeu a Revista Deguste e contou a história de sucesso da sorveteria Sertão Gelado. Ainda em 2005, depois de passar um período trabalhando em Natal, ela decidiu retornar para Angicos e precisou tentar algum negócio próprio para se sustentar.
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“Meu marido trabalhava como motorista e que tinha que ter minha própria renda, mas não queria depender de prefeitura ou governo para viver. Então, eu lembrei de um senhor que vendia picolé e que era sucesso aqui na cidade. Fui até ele e pedi a receita, o que me foi negado à princípio. Mas, passou-se um tempo e ele mesmo me procurou e perguntou se eu ainda queria aprender a fazer os picolés”, lembra.
De acordo com Kaline, tudo começou naquele momento. Ela explica que aprendeu a fazer os picolés, incialmente de morango e chocolate. “Na ocasião, eu pedi R$ 150 emprestado a meu marido que mesmo não tendo condições, fez um esforço e me emprestou. Lembro que fiz os picolés e fui pra frente da escola onde eu estudei e vender em uma bicicleta. Comecei a semana vendendo 16 picolés e terminei vendendo 100”.
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O sucesso dos picolés despertou o interesse ainda maior de Kaline Castro em buscar expandir os negócios. Sem condições financeiras, ela sempre teve que fazer esforço para concretizar o que planejava. Em 2007, a empresária foi para Mossoró e realizou um curso de sorvetes e picolés. Depois disso, ela conseguiu comprar a primeira máquina, por R$ 2.500, e deu início a fábrica.
Em 2009 e 2010, já contando com ajuda do Sebrae e do Banco Santander, ela conseguiu comprar máquinas mais novas e, em 2011, abriu a loja para atender os clientes diretamente. Foi então que Kaline Castro começou a usar sua criatividade. “Todo cliente quer sempre novidade e, um dia, veio um rapaz aqui e experimentou a calda da fruta pêlo, que nós já fazíamos. Ele então sugeriu que fizéssemos o sorvete. Comecei a tentar e, após vários testes, achei o ponto certo”.
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| Kaline Cristine, em sua sorveteria em Angicos… | …José Maria, dono Dolce Vita, onde o sorvete está sendo vendido |
Hoje, Kaline trabalha com cerca de 20 tipos de sorvetes e tem outros exóticos, como o de rapadura, milho verde, tapioca, jerimum, acerola e umbu. Por dia, ela produz cerca de 800 mil picolés e tem produção mensal de aproximadamente 750 litros de sorvete. Os produtos da sorveteria Sertão Gelado são revendidos na zona rural de Angicos, bem como nas cidades de Santana do Matos, Afonso Bezerra, Fernando Pedrosa e, recentemente, chegou em Natal.
O sorvete de pêlo é uma das novidades do bistrô Dolce Vita. O empresário José Maria, proprietário da casa, descobriu a iguaria após ver uma reportagem de TV sobre o projeto de Kaline Castro e decidiu experimentar. De cara, ele ficou encantado e decidiu incluir o sorvete em seu cardápio.
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Para garantir a produção constante do sorvete de pêlo, Kaline Castro revela que conta com três pessoas, sendo duas mulheres e um homem, que vivem na zona rural e se encarregam de colher os frutos. A fruta pêlo nasce na ponta da palma forrageira e já é usada para consumo humano há muitos anos, principalmente, nos tempos das secas, quando a comida era mais escassa, os sertanejos exploravam muito esse tipo de alimentação.
O figo-da-índia, fruta pêlo ou gogóia também é consumindo em outros países, como México. De acordo com estudos, a fruta é composto de 15 por cento de carboidratos. Em 100 gramas, o valor calórico não ultrapassa as 30 kcal. Além disso, a quantidade de vitamina C é maior do que a encontrada no caju e na laranja: entre 13 e 60 mg por 100 gramas. Outros micronutrientes encontrados no figo-da-índia em quantidades muito significativas são: betacarotenos (os precursores da vitamina A), fósforo e aminoácidos essenciais como a taurina e a arginina.
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Sorveteria Sertão Gelado
Rua Genésio Tibúrcio da Costa, 845
Alto da Alegria – Angicos/RN
Fone: (84) 9110-8556 / 9810-5152 / 9606-2476








