Compreendendo os vinhos de sobremesa

Saberes do Vinho - Gilvan Passos

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Tão digestivo quanto os licores, porém, mais eclético e suscetível à harmonização com os pratos que encerram uma refeição, o vinho de sobremesa ainda não conquistou, totalmente, o seu lugar ao Sol na mesa, entre os enófilos e gourmets. 
 
Incompreendidos, estes vinhos doces são geralmente interpretados como enjoativos quando bebidos solo, e taxados erroneamente de vinhos suaves, em razão da doçura, quando, na verdade, divergem destes por sua doçura natural. 
 
A espinha dorsal de um vinho doce de sobremesa é o seu equilíbrio, que se notabiliza pela equação acidez x maciez, em que a acidez é aportada pelos ácidos que derivam das uvas (cítrico, tartárico, málico), e a maciez é aportada pelos açúcares (glicose e frutose) residuais (não fermentados), e pela glicerina, derivado do álcool que lubrifica a mucosa bucal, dando ao palato esta sensação de maciez e untuosidade. 
 
Os vinhos de sobremesa podem ser: Espumantes, a exemplo do Asti italiano e do Moscatel brasileiro; Botrytizados, como o Sauternes francês e o Tokaji Húngaro; Fortificados, como o Porto e o Madeira portugueses; Late Harvest, (colheita tardia), elaborados com uvas super-maduras, deixadas na planta até que fiquem como passa, perdendo água e ganhando açúcar nos bagos, Vinho de Apassimento, elaborados por uvas postas a secar depois de colhidas, a exemplo do Passito di Pentelleria, e do Recioto Della Valpolicella, da Sicília e Veneto, respectivamente. 
 
É importante considerar que estes vinhos foram criados para acompanhar sobremesas, e que, mesmo alguns sendo deliciosos do ponto de vista da doçura, textura, aromas e sabores, ganham ainda mais expressão, quando apreciados com pratos doces de sobremesas compatíveis, encerrando uma refeição em grande estilo.