Colunas
Página anterior
Truques da Harmonização
O que torna a enogastronomia, criada pela Associação Italiana de Sommelier, com sua metodologia de contraste e semelhança, uma ciência de aplicabilidade global, são os aspectos nos quais se fundamentam, muito mais objetivos do que subjetivos.
![]() |
Quando falamos dos aspectos de natureza subjetiva, estamos nos referindo às preferências pessoais e perceptibilidades individuais. Quando falamos dos aspectos de natureza objetiva, referimo-nos à percepção universal, comum a todos nós. Um bom exemplo dessa percepção universal seria pensar no café já adoçado, que se torna amargo depois de uma mordida na torrada untada de geleia. O fato é que o café continua doce como antes, no entanto o percebemos amargo por causa da geleia.
Isso nos mostra que a harmonização entre pratos e vinhos, para atingir seus objetivos faz-se valer do perceptível, não do factível. Utilizando, também, vários outros truques como o contraponto entre o doce e o ácido, entre o salgado e o doce, entre as texturas díspares dos alimentos e vinhos e das percepções táteis e térmicas entre ambos.
Pratos com forte presença de limão, ingrediente de pH baixíssimo que, devido à elevada acidez, cria grandes arestas com o fermentado de Baco, ganharão uma maior sinergia se servidos com vinhos frutados a baixas temperaturas, porque a sensação térmica produzida pela bebida nas papilas, suavizará a acidez, transformando-a em frescor, tornando o casamento harmônico.
Já os pratos condimentados das cozinhas: indiana, asiática e peruana, ganharão melhor palatabilidade com vinhos leves (pouco alcoólicos), frutados e igualmente bem resfriados. Nesse caso, a frutuosidade e, sobretudo, a sensação térmica causada pelo vinho, reduzirá a sensação tátil de ardência e picância criada pelo prato, tornando-os mais compatíveis.
Alimentos de textura crespa ou granulada como a pera, a terrine, o foie gras e alguns queijos farelentos, ficam bem por contraste com vinhos macios como os Sauternes ou vinhos de colheita tardia, untuosos e melados, em uma contraposição de texturas, que traz conforto ao palato.
A cozinha Caiseki (tradicional cozinha refinada japonesa de ritual, com valorização do simples, puro e fresco), praticada por um verdadeiro Itamae-san (Chef de sushi que forma Chefs, distorcidamente sushiman), torna-se valorizada por vinhos igualmente naturais, frescos e frutados, numa combinação por concordância. Champagne, Espumantes brut ou mesmo vinhos de largo frescor, elaborados por castas ricas de acidez como a Riesling e fartos de mineralidade, criam um vínculo estreito com estes pratos baseados na leveza e na delicadeza.