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Página anteriorA SAV viaja ao Vale dos Vinhedos
Texto: Benício Siqueira
Depois de viajar para países como Argentina, Portugal, Chile e Uruguai, a confraria Sociedade dos Amantes do Vinho – SAV- fez, no mês de setembro, uma incursão à principal região vinícola brasileira, o Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.
Durante quatro dias, o grupo hospedou-se no hotel da Casa Valduga, em Bento Gonçalves, e de lá saía, diariamente, para conhecer as vinícolas já contatadas e agendadas previamente pelo consultor e coordenador da SAV, Gilvan Passos.
A Casa Valduga, uma das vinícolas mais importantes do Brasil, fundada em 1875, recepcionou a SAV com uma maravilhosa degustação vertical do Storia, vinho ícone da casa e um dos mais premiados do país, elaborado com a uva merlot apenas em safras consideradas excepcionais.
A vertical foi conduzida pelo enólogo Jhonatan Marini, que apresentou os vinhos das safras 2006, 2008, 2010 e 2011, todos de excelente qualidade. Em linhas gerais, apresentam notas complexas de frutas vermelhas maduras, especiarias, café e chocolate. Em boca confirma deliciosamente esses aromas, com taninos maduros e textura aveludada. Seu conjunto é harmônico e tem final prolongado.
O que tornou essa degustação mais especial para a SAV foi que provamos o último exemplar disponível do Storia 2006. O estoque da vinícola zerou.
A primeira noite no Vale dos Vinhedos terminou com um belo jantar na Sala das Barricas da Casa Valduga, com pratos gostosos da culinária de cantina italiana. Foram servidos pães com molho de tomate, polenta, capelete com recheio de frango e carne bovina, fusilli com frango assado, tortelli com recheio de zuppa, porco com geleia de pimenta, espaguete com tomate seco e sobremesas.
Pouco conhecida do brasileiro, a Almaúnica foi a segunda vinícola visitada pela SAV. Ela surpreende pela excelente qualidade de seus vinhos e espumantes. A vinícola foi fundada em 2008 pelos irmãos Márcio e Magna Brandeli, sendo uma das mais modernas e bonitas do Vale dos Vinhedos. A força da gravidade é utilizada em todo o seu processo de produção, a fim de evitar o bombeamento do mosto. A sua produção é limitada e não passa de 60 mil garrafas ao ano.
No piso térreo fica a recepção dos visitantes e o varejo, além de uma linda sala de espera com lareira, que estava devidamente acesa para amenizar o forte frio que fazia naquele dia.
Depois de visitarmos as suas instalações, o grupo da SAV foi à sala de degustação provar os principais rótulos da Almaúnica: os espumantes Cuvée Prestige BrutRosé Reserva e o Nature Reserva 50% Chardonnay e 50% Pinot Noir; o branco Super Premium Chardonnay 2014; o Pinot Noir Reserva 2014, o Syrah Reserva 2013, o Super Premium Quatro Castas 2013 e o top da casa, o Parcela 2 2012, que ainda estava sem rótulo.
O Parcela 2 safra 2012 é um vinho elegante, elaborado com 85% Merlot e 15% Cabernet Sauvignon. De cor concentrada, tem aromas de frutas maduras. Na boca revela toques de couro, especiarias, chocolate e frutos escuros. Passa 30 meses em barricas de carvalho francês novas.
Vinícola Almaúnica
RS 444, Km 17,35, s/n – Vale dos Vinhedos
Bento Gonçalves/RS
Fone: (54) 3459-1384
Comandada pelos irmãos Antônio e Rinaldo Dal Pizzol desde 1974, ano de sua fundação, a Dal Pizzol é parada obrigatória para quem está na Serra Gaúcha envolvida com o mundo do vinho.
A SAV foi recebida pelo simpático e amável Antônio Dal Pizzol, que fala, com muita paixão, da vinícola de sua família, que produz, atualmente, 18 rótulos entre vinhos e espumantes, em um total de 300 mil garrafas ao ano.
A degustação aconteceu no restaurante da vinícola, que só funciona com reserva antecipada. Foram provados vários rótulos com explicação de um dos enólogos da casa, Marcos Zonta, e com intervenções pontuais do próprio Antônio Pizzol. Em seguida, foi servido um almoço regado a muito vinho para harmonizar com os pratos italianos.
Na sequência, o grupo foi conhecer o projeto VinunmMundi (Vinhedo do Mundo), que funciona em uma área de apenas 0,7 hectares, mas que reúne nesse minúsculo espaço mais de 400 variedades de uvas de 30 países. Projeto semelhante a esse só existe em mais dois países, na Itália e na França.
A última safra do VinunmMundi é de 2015, elaborada com 165 variedades de uvas, no entanto, ele não é produzido comercialmente. São feitas anualmente apenas 500 garrafas de 500ml de uvas brancas e tintas. “É uma vinho de celebração”, ressalta Antônio, que gentilmente abriu uma garrafa para a SAV.
O projeto de vinificação desse vinho é desenvolvido em parceria com a Embrapa, para destacar as uvas que mais se adaptam ao solo brasileiro e que têm potencial para serem cultivadas em larga escala comercialmente. A primeira safra do Vinho do Mundo é de 2011.
Dal Pizzol
RS-431, KM 5 – Distrito de Faria Lemos
Bento Gonçalves/RS
Fone: (54) 3449-2255
A quarta vinícola visitada pela SAV foi a Estrelas do Brasil, que apesar de produzir vinhos tintos, destaca-se mesmo pelos seus refinados espumantes de alta qualidade, elaborados pelo método champenoise.
A vinícola foi fundada em 2005 por dois enólogos, o brasileiro Irineo Dall’Agnol, e o uruguaio Alejandro Cardozo, em uma área privilegiada em Bento Gonçalves, que tem uma vista encantadora.
A SAV fez um passeio pelos lindos vinhedos, enquanto Irineo fazia a explanação sobre vinícola. A degustação, que seria ao ar livre, foi feita na própria casa do enólogo porque fazia muito frio no final daquela tarde.
Irineo abriu quatro garrafas do seu Estrelas do Brasil: o Prosseco, o Brut Rosé-Pinot Noir, o Nature Rosé e o Nature Negro, e falou sobre as características de cada um. Trata-se de produtos bem feitos, de qualidade muito acima da média e com estilos bem diferentes.
Irineo explicou que todos os espumantes e vinhos da Estrelas do Brasil são vendidos diretamente ao consumidor final através do site da vinícola, ou na própria vinícola. “É uma forma de deixar o produto mais barato porque dessa maneira evita-se o intermediário”.
Estrelas do Brasil
Vila Faria Lemos, s/n – Bento Gonçalves – RS
Fone: (54) 3439-1089/ 9924-1016
vendas@estrelasdobrasil.com.br
estrelas@estrelasdobrasil.com.br
O terceiro dia no Vale dos Vinhedos começou com uma visita da SAV à vinícola Don Giovanni, que também possui uma charmosa pousada com oito quartos para hospedagem, além de um restaurante em ambiente rústico com capacidade para 60 pessoas, servindo pratos inspirados na gastronomia italiana.
A SAV foi recepcionada pelo enólogo e diretor da vinícola Daniel Panizzi, que também fez ou um tour pelos lindos vinhedos e pelas instalações onde são produzidos os vinhos.
A degustação foi conduzida pela enóloga Juliana Rossato, na loja da vinícola. Foram degustados três espumantes, todos elaborados pelo método tradicional: o Don Giovanni Nature, Don Giovanni Extra Brut e Don Giovanni 70 Brut Dona Bita, com tempo de maturação mínimo de 70 meses. Este espumante é espetacular!
Mas a grande surpresa mesmo ficou por conta do vinho tinto Don Giovanni Cuvée Segundo Acto 2012, um belo corte de 40% Merlot, 35% Ancellota, 15% Tannat e 10% Cabernet Sauvignon, com 16 meses de envelhecimento em barricas. Vinho fácil de beber, por ser tão gostoso.
Após a degustação, a SAV almoçou no próprio restaurante da Don Giovanni, quando pode conhecer um pouco da tradição italiana de suas cantinas. A comida estava maravilhosa.
Don Giovanni
Linha Amadeu, KM 12,
Bento Goncalves/RS
Fone:(54) 9691-7392
www.dongiovanni.com.br
A tarde do penúltimo dia de viagem da SAV foi dedicada à Cave Geisse, uma das vinícolas brasileiras com maior destaque na produção de espumantes de qualidade, localizada na região de Pinto Bandeira, em Bento Gonçalves.
Criada em 1979 pelo engenheiro agrônomo e enólogo chileno Mário Geisse, a vinícola tem uma linha de nove espumantes, quase todos premiados, cuja qualidade éreconhecida por respeitados críticos de vinhos.
Para assegurar a qualidade de seus produtos, a Cave Geisse presta muita atenção em todas as fases do processo de elaboração de seus espumantes. E nenhum de seus vinhedos utiliza agrotóxicos.
A SAV foi recepcionada pela sommelière Kelli Bianchi, que também fez um tour pelos vinhedos e demais instalações.
A degustação envolveu quatro espumantes, todos elaborados pelo método tradicional: Cave Geisse Terroir Nature, Cave Geisse Blanc de Blanc Brut, Cave Geisse Blanc de Noir Brut e Cave GeisseRosé Brut.
O nível dessa bebida realmente surpreende pela qualidade. É preciso beber para entender o porquê a Cave Geisse é uma das vinícolas que elaboram os melhores espumantes do Brasil.
Vinícola Cave Geisse
Linha Jansen, s/n,
Pinto Bandeira/RS
Fones: (54) 3455-7461 / 3455-7462
www.cavegeisse.com.br
A Casa Valduga reservou o ponto alto da viagem da SAV a Bento Gonçalves, com um almoço que contou com a ilustre presença do enólogo João Valduga, um dos três irmãos – os outros são Erielso e Juarez – que comandam uma das vinícolas mais importantes e mais estruturadas do Brasil.
O inesquecível almoço teve como principal objetivo a degustação do vinho de maior expressão da casa, o Luiz Valduga, uma homenagem ao patriarca da família, que demorou 10 anos para ser produzido, desde a concepção do projeto até o resultado final.
Antes, porém, a SAV fez uma visita à enorme cave, seguida de degustação de espumantes, dentre eles o Maria Valduga, o top da vinícola.
Bastante simpático, João Valduga falou com muito carinho e paixão sobre a qualidade desse vinho, elaborado a partir de safras excepcionais, utilizando um blend secreto de uvas com edição limitada, e que não será elaborado todos os anos. Por isso, ele não tem safra, recebendo apenas uma numeração.
Por se tratar de um vinho especial, com produção de apenas 3 mil garrafas, a concepção do rótulo envolveu três elementos muito fortes para destacar o árduo trabalho do patriarca à frente da vinícola: a pedra, o ferro e a madeira.
Vinho de muita personalidade com passagem em barricas de carvalho francês, ele possui uma coloração rubi intenso, com aromas complexos e sofisticados, remetendo a frutas maduras e secas, além de especiarias e defumados.
Em boca, é vibrante e surpreende pela acidez e taninos de ótima textura e aveludados. Tem grande complexidade com sabores de frutas maduras e bem concentradas. É um vinho muito bem feito, encorpado e elegante para ser apreciado sem pressa, que já está bom para beber agora, mais que ainda tem muito a evoluir em garrafa.
Casa Valduga
Via Trento, 2355
Bento Gonçalves/RS
Fone:(54) 2105-3122
A visita da SAV à região vinícola mais importante do Brasil encerrou-se com uma degustação de vinhos e cervejas na Domno, empresa do grupo Famiglia Valduga, localizada em Garibaldi, cujas atividades comerciais iniciaram em agosto de 2008.
Além de importar vinhos de vários países, a Domno elabora o espumante .Nero, bastante conhecido do natalense.
A degustação foi conduzida mais uma vez pelo enólogo Jhonatam Marini, que escolheu o espumante .Nero Rosé de Noir Brut; o vinho chileno Kalfu Sumpai Sauvignon Blanc 2014; o vinho italiano Rievole Novecento Chiante Clássico Riserva 2010; o espanhol Frontaura Reserva 2005, e três cervejas Leopoldinas, também produzidas pela Valduga, cuja linha completa envolve cinco rótulos.
A SAV degustou a cerveja Leopoldina Weissbier, feita de trigo; a Leopoldina Witbier, com limão siciliano e coentro, e a Old Strong Ale. Os outros dois rótulos são a Leopoldina Ipa e a Leopoldina Pilsner Extra.
Para 2017, a SAV pretende voltar ao Velho Continente, desta vez para explorar os lindos vinhedos da Toscana, a principal região vinícola da Itália.
Domno Importadora
4204, Rod. São Vendelino, 3984
Borghetto – Garibaldi/RS
Fone: (54) 2105-3122