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Página anteriorA cafeteira que só fazia café ruim
Esses dias, estava na casa de amigos, onde fui convidado para um um lanche da tarde. Como de costume, pediram-me para preparar o café. Perguntei qual utensílio eles dispunham para para tal e me entregaram um porta filtro Melitta, um filtro de papel e uma panelinha. Peguei os objetos, coloquei o filtro de papel no coador, enchi a panela com água filtrada para esquentar no fogão, porém antes de ligar o fogo, meu amigo disse: há uma cafeteira elétrica também, porém ela não presta. Ela só faz café ruim e mostrou a cafeteira. Era uma belíssima Bravilor Bonamat. Aquele tipo que prepara café coado, que se encontra em lanchonetes de filmes, com aquelas jarras grandes de vidro.
A afirmação de que a cafeteira só fazia café ruim me intrigou. Logo, quis saber o porquê da reputação ruim do pobre utensílio doméstico. Afinal de contas, era algo especificamente daquele exemplar em questão, não da marca ou do tipo de cafeteira. Examinei o objeto e, aparentemente, estava tudo certo. Ao fazer algumas perguntas, pude constatar rapidamente alguns possíveis motivos.
A cafeteria, projetada para uso commercial, estava sendo usada para uso doméstico, muitas vezes para se beber uma ou duas xícaras, enquanto sua capacidade era de preparar até dois litros de uma vez. O excedente de café era mantido na jarra sobre o aquecedor de fundo por um longo tempo até ser servido novamente. Além do mais, devido à desaprovação por parte dos donos, o eletrodoméstico foi usado poucas vezes, sem nem ter tido chance para se ajustar a proporção correta para o gosto dos usuários. Perguntei qual café eles utilizavam e me deram um café moído, extra forte.
Geralmente, ando com algum café de qualidade comigo. Fui até o carro, peguei um café em grão e o moedor. Moí o café e comecei a usar a cafeteira elétrica. Notei olhares tensos em minha direção. Calma, vamos fazer só um teste. Coloquei o pó do café no cesto com o filtro de papel, numa quantidade o suficiente para fazer um litro de bebida. Apertei o botão e deixei a máquina fazer o trabalho dela. Após preparado o café, tirei a jarra e o servi imediatamente. Surpresa geral. Meu amigo disse: “Tinha que ser o barista para fazer o café ficar bom nessa cafeteira”! – “Só usei um café bom, o resto foi ela quem fez”, eu respondi.