Tudo que você precisa saber sobre safras

Saberes do Vinho - Gilvan Passos

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A safra é o marco zero do vinho, o registro de nascimento da bebida. Ela marca o ano da colheita das uvas, independentemente de quanto tempo o vinho levou para ficar pronto, tornando-se apto para ganhar o mercado. 

A safra reflete o comportamento climático de um ano sobre o ciclo das vinhas em uma determinada região vinícola. Ela é considerada perfeita quando todos os fenômenos climáticos (chuva, sol, luz, calor, ventos, umidade, radiação…) atuam no tempo e na quantidade certas para gerir uvas de excepcional qualidade e vinhos grandiosos. 

Mas a safra só é importante para vinhos da categoria Premium acima, pois nos vinhos comerciais mais baratos, as atenções não estão voltadas para o vinhedo (onde a mágica do bom fruto acontece), porém para a vinícola, onde toda sorte de maquiagem permitida é utilizada para transformar uvas, às vezes, de baixa qualidade em um vinho palatável e aceitável comercialmente. 

A única importância da safra nos vinhos comerciais é que ela seja a mais recente (jovem) possível, que o vinho seja novo, porque o tempo de vida útil desses vinhos raramente chega aos 5 anos. Então, ao comprar um vinho comercial cujos preços do mercado giram em torno de R$ 40,00 R$ 80,00, opte pelas safras mais recentes possíveis. 

Nos caldos icônicos das principais vinícolas, a safra só impactará diretamente na qualidade do vinho, quando suas uvas procedem de regiões em que o clima é oscilante, havendo, nesses casos, safras excepcionais, safras boas e safras apenas aceitáveis ou mesmo ruins, o que se refletirá em grande variação de preços dos vinhos no mercado.

O aquecimento global vem causando grandes mudanças no comportamento climático de muitas áreas vinícolas pelo mundo. Há previsões de que, nos próximos 50 a 100 anos, o mapa mundial do vinho passará por grandes transformações, fazendo com que regiões muito frias, impróprias, hoje, para a produção de uvas para vinhos, comecem a produzir. E que outras áreas atualmente muito quentes desapareçam. 

Diante disso, convém pensar no que estamos fazendo para conter o impacto que as nossas atitudes causam na natureza. Cada um de nós é responsável por uma pegada de carbono lançada na atmosfera. E isso merece uma reflexão, porque o problema não é que tipo de Planeta que deixaremos para filhos e netos, porém que filhos e netos esse Planeta terá.