Nova gastronomia?

Opinião - Arthur Coelho

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O cenário atual tem trazido uma série de mudanças comportamentais, sociais, econômicas e no consumo também. Tenho ouvido com uma certa frequência esse termo: “NOVA GASTRONOMIA”.

Parando para refletir sobre o termo, eu me pergunto: Nova onde? Nova como? Nova por quê? Acredito que muitos terão uma lista enorme de requisitos ou argumentos para provar e comprovar esse termo como certo e absoluto para o contexto atual da gastronomia, já que foi incorporado ao nosso dia a dia o “NOVO NORMAL”.

Bem, eu também tenho meus argumentos e reflexões e, assim sendo, gostaria de compartilhar com todos os que me acompanham. Vejam bem: o que buscam esses “novos consumidores”? Qual experiência ou sabor querem encontrar? Mudança de hábito alimentar ou modismo de marketing?

Analisemos juntos o que está posto no cenário atual da “nova gastronomia”: comida com gosto, afeto e lembrança das casas das nossas mães, avós e tias, valorização do ingrediente orgânico, plantado no fundo do quintal do restaurante, na horta cultivada de forma harmoniosa, exatamente como faziam nossos produtores mais antigos, alimento pronto e quentinho na sua casa, na sua mesa, na hora que deseja, através de entregas dos aplicativos tecnológicos já criados, exatamente como faziam os filhos quando tinham a tarefa de entregar a marmita no trabalho dos pais!

Comidinhas simples, mesmo com “releituras” do famoso “macarrão com feijão” de um chef mineiro, a “farofa de içá” do estrelado chef, quando na verdade, ambas as preparações já eram feitas e consumidas na melhor das infâncias de qualquer mortal!

Bem, seguimos analisando. Todos preocupados com a higiene e segurança das preparações, o que já é e sempre foi uma exigência legal e necessária em se tratando de produção de alimentos. “Marketing afetivo” como linha central para novo consumo e aumento nas relações comerciais e econômicas, isso sempre foi feito com o comportamento popular mais inteligente da humanidade: a informação de “boca a ouvido”! Saíamos de casa para comer a melhor “galinha ao molho pardo” do Rio de Janeiro ou de Belo Horizonte. A melhor “rabada com agrião e polenta” do subúrbio da cidade ou a melhor “peixada” de Natal naquela “conhecida comadre”!

Ora, ora. “Nova gastronomia” onde?? Nova por quê? Nova como? Que “novo normal” é esse? Que novidade tem nisso? Quando iremos realmente nos dar conta que não somos mais inventores de quase nada? Releituras, novas interpretações, descobertas e novidades, essas e outras atividades deixaram de existir já faz muito tempo.

Que tal nos deliciarmos com os almoços mais longos, jantares mais festivos, famílias mais juntas, conversas mais amenas e afetuosas durante as refeições? Pois de novo mesmo, foi o TEMPO que parece ter mudado e nos dado um pouco mais de chance para sermos mais presentes! Juntos e sem celulares. Olho no olho. Sorriso no rosto e um bom prato de comida para aquecer nossos estômagos e corações. Pense nisso!