Olhar clínico do bom gestor

Opinião - Arthur Coelho

Compartilhe:

 

Gerir, liderar, participar, comprometer, estimular e construir uma boa equipe é, de fato, o maior desafio de todo gestor. Não há dúvida disso, mas será que um olhar clínico sobre todas as nuances de um empreendimento não se faz tão importante quanto aos resultados com pessoas?

Recentemente, estive, por algumas vezes, em um local de nossa cidade e percebi um problema que me pareceu bastante grave sobre uma infraestrutura. No entanto, com muito cuidado e discrição, resolvi comunicar ao gestor e também a um integrante da equipe. Geralmente, não me apresento como “Chef Arthur Coelho”, procuro ser muito discreto e tenho o maior cuidado com todas as observações proferidas, pois não é a intenção constranger, ofender, diminuir ou mesmo me sobrepor a ninguém. O objetivo é poder contribuir como cliente na melhoria do local que frequento, resguardando minha integridade física e dos outros consumidores. Mostrei o perigo que estava expondo os clientes que sentavam em uma determinada mesa. O gestor me deu uma resposta evasiva, o integrante da equipe também, e fiquei quieto.

Um amigo me convidou para retornar àquele local e, evidentemente, meu olhar foi direto para o ponto crítico e perigoso que havia notado na semana anterior e “tcharaaam”! Estava do mesmo jeitinho como da última vez que estive no local.

Fiz minha refeição, discretamente chamei o gestor, ele não se encontrava, então comuniquei a um outro integrante da equipe que, por gentileza, mostrasse ao gestor com urgência, pois o perigo era iminente! Bem, como percebi que o integrante tinha sido bastante proativo e inclusive concordava com a situação de risco, imaginei que o problema seria resolvido.

Estive, recentemente, nesse mesmo local para fazer uma rápida refeição e tomar um café. Bem, não precisaria dizer que meu olhar foi de novo diretamente direcionado para o local já observado diversas vezes: lá estava ele – o perigo! – tal e qual das outras vezes! 

Dessa vez, uma amiga, que me acompanhava, ficou preocupada e quis avisar, então disse que já havia avisado 3 vezes e nada tinha sido feito. Ela, estarrecida, quis fotografar e expor o fato, porém não permiti e ela entendeu. Embora tenha passado alguns períodos fora da cidade, ainda sou “relativamente conhecido” e isso poderia parecer que teria sido instigado por mim. Ela concordou e não o fez. Agradeci!

Que tanta tarefa teria esse gestor? Que tanta atividade diária ou que resultado perseguia de forma tão veemente que não sobrava tempo para delegar um integrante para resolver um problema extremamente perigoso, todavia muito fácil de se resolver? Não se gastaria nem 5 minutos e talvez menos de R$ 10,00 de custo. Visto que, ao contrário disso, poderia lesionar alguém, receber uma multa, manchar um nome tradicional na cidade e ter seus feeds ou stories cheios de indignação. O desafio de gerir é grande, diário, constante, exaustivo e importantíssimo, mas mesmo com tantos atributos, um bom gestor deverá sempre “sentar-se” no lugar do cliente, do integrante, do empreendedor e dele mesmo. Deve ser multifacetado, sensível, inteligente, antecipado, coerente, cheio de “acabativas”, pois de “iniciativas” sem “acabativas” as empresas estão cheias! Fica aqui a dica: “OLHE PARA CIMA”!