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Página anteriorO negócio, o respeito ao cliente ou o lucro?
Em tempos de crise, de dificuldades e desafios para a manutenção do negócio, o empreendedor tem se defrontado com um grande dilema: COMO LIDAR COM ESSE TRINÔMIO? Como manter o negócio com vitalidade, com dinamismo e com o mesmo frescor como os dos momentos de sua abertura, obtendo lucro devido e dando continuidade ao respeito ao consumidor?
Manter os preços já praticados, diminuindo seu “mark-up” (margem de lucro) devido à volatilidade dos preços dos insumos? Continuar a usar os produtos e insumos iniciais, mesmo que inflacionados, para que sua qualidade e respeito ao cliente seja perpetuado? Ou simplesmente, olhar o lucro como objetivo final de seu negócio?
Recentemente, eu mesmo passei por essa “prova de fogo” com um empreendedor/fornecedor. Solicitei um insumo, e foi repassado o novo preço, pois havia um aumento de preço em função da sazonalidade (?), muito mais de mercado do que da natureza do produto (camarões). Insumo esse que deve ser mantido no meu cardápio, conforme a ficha técnica da preparação, com seu tamanho específico (36/40), sendo assim fiel ao meu cliente, mesmo que tenha que diminuir o meu “mark-up”.
Pronto! Cenário posto. Ao receber o insumo, faço uma avaliação, como de costume, e me deparo com insumo diferente do que havia sido solicitado (tamanho e gramatura inferiores ao que ofereço ao meu cliente e que consta de minha ficha técnica!), comento com o empreendedor/fornecedor sobre a diferença, e o mesmo me relata que o produto estava CORRETO e que eu “ganharia um bônus” (alguns camarões a mais) para compensar a possível diferença de peso/tamanho!!!!!
Ora! Se o caso fosse uma escolha própria, já teria comprado um insumo menor, mais barato, mantendo e, possivelmente, aumentando meu lucro, no entanto, deixando de ser fiel ao meu consumidor, ESCOLHA ESSA QUE NÃO FAZ PARTE DE NOSSA POLÍTICA DE VENDAS, DE NEGÓCIO E MUITO MENOS DE ATITUDE ÉTICA COM O CLIENTE E COM A EMPRESA.
Será que os “tempos de crise” estão obrigando a alguns empreendedores/fornecedores a terem uma “amnésia ética”? Será que a crise faz esquecer o RESPEITO? Será que a crise exalta a “Lei de Gérson” (o que vale é levar vantagem em tudo!)? Será que vale a pena vender uma vez e depois não vender mais?
Não quero pensar que essas atitudes são as que devemos valorizar nesses momentos duros de incertezas e de luta. Quero continuar a acreditar que a unanimidade dos empreendedores/fornecedores está pautada na ÉTICA e no RESPEITO, mesmo que seja necessário a diminuição do LUCRO. Afinal de contas, quando um cliente nos elege para recebermos a sua visita em nossos estabelecimentos, devemos a ele todas as honras, toda prestação de serviço correto e entrega do produto fiel ao que ele comprou!
Pense nisso! Não se deixe abater pela crise. Mantenha-se fiel ao seu sonho, todavia não desvie sua conduta ética e respeitosa, seja você um empresário, um profissional da gastronomia ou um colaborador dentro de uma cozinha.
No final, todos nós, de certa forma, somos fornecedores/consumidores de algum produto ou serviço e, a qualquer momento, estaremos em cada lado dessa dinâmica!